sábado, 12 de fevereiro de 2011

A auto-afirmação identitária dos povos Africanos



  Compreender todo o contexto que as populações africanas foram inseridas, requer grande análise histórica, assim somos levados a pensar em outros fatores recorrentes desse processo. É importante analisar, como os africanos receberam e interpretaram esse outro tipo de gente, com caracteríticas diferentes e com a concepção de que eles eram inferiores; algumas questões são necessárias para compreender o processo de escravização da Africa Central, nos anos  de 1540 a 1550; Como os escravos capturados lideram com a remoção forçada de suas comunidades, a dureza de serem encaminhados para áreas desconhecidas do litoral e embarcados em navios e o trauma da travessia da chamada passagem do meio.Como eles devem ter  relembrado e se baseado nessas experiências, uma vez forçosamente na colônia Espanholas, no Brasil e na América do Norte ?.
   Algumas dessas perguntas, travaram o inicio de discussões que permearam e perpassaram séculos, e que  a cada dia vem tomando novas configurações sendo estudada e analisadas por diferentes teóricos e mostrando que apesar do destratamento a que os povos africanos foram sujeitos, e ao caráter de  inferioridade dados a eles, os mesmos refletiam sobre esse novo processo de escravização eles praticavam os mesmos métodos de escravizar inimigos de guerra, mas como pensar numa nova forma de escravização, onde além de serem expropriados os meu direitos de vida, sou também obrigado a sair do meu lugar e separado de minha comunidade e família?
  
  Esse pensar sobre si mesmo (dos africanos), liga-se a uma discussão no que se diz respeito á identidades sociais construídas de laços familiares e outras comunidades locais. Para eles, a ausência da escravização consistia em serem desnudados da percepção que tinham de si próprios, e como toda minoria étnica, lutava no novo mundo para criar ou restaurar um sentido comum de identidade. Com chegada de Centros Africanos , também chegou uma quantidade numerosas de pessoas de origem convenientemente semelhantes , devido essa grande remessa,vieram praticas existentes na África que era os conflitos entre tribos, esse problema interno de identidade étnica faz recordar de alguns conceitos do livro” Identidade e Diferença” Kathryn Woodward, quando em seu texto usa o termo Identidade Relacional,afirmando que uma identidade depende para existir de algo fora dela, que seria uma outra identidade.Segundo ela, a afirmação da diferença entre dois grupos étnicos envolve a negação de que possa existir qualquer similaridade entre esses grupos, a diferença é sustentada pela exclusão, a identidade  assim é marcada pela diferença.

  Retomando a discussão do Centro Africano, encontramos uma particularidade, a identidade desses povos africanos são auto afirmadas em seus locais de origem, são fortalecidas com seus dialetos tribais, culinária, dança, manifestações religiosas etc...,ao serem extraviados para outros países do mundo , muitos individualmente, ou em pequenos grupos,não conseguem manifestar de forma clara, semelhante e forte seu caráter cultural, esse favorece a perda de parte da identidade apesar da resistência, provocando uma confusão de idéias, com relação a tudo que foi construído ao longo de sua vida.
   
  Apesar dessa perda, esses africanos quando entram em contato, no caso com povos do mesmo continente, e que tem costumes diferentes entre si, passa a estabelcer um  contato Relacional, provocando conflito entre grupos, fazendo-os perceber que seu carater  identitário continua consistente, essa conclusão só pode ser tirada, porque existe uma outra identidade , a redescoberta do passado é parte do processo de reconstrução da identidade, dessa forma muitos desses povos vão em busca de concepções essencialistas, de uma identidade, comum que não se altera ao longo do tempo.

Um comentário:

  1. [b]Interessante o víeis condutor de tal análise.[/b] Abriria apenas um parêntese destacando que a escravidão era prática vivenciada pela população negra antes da chegada dos portugueses (Fonte: PERSON, Yves. Os povos da costa – primeiros contatos com os portugueses – de Casamance às lagunas da Costa do Marfim. In: História Geral da África. Vol. 4 – África do século XII ao século XVI. Coordenador D.T. Niane. São Paulo: Unesco/Ática, 1988), o que veio a intensificar –se, após sua chegada, por ser uma “atividade mais rentável”; logo, não foi uma prática totalmente ligado aos interesses portugueses, o que de forma alguma justifica o processo de escravização.

    É plausível também o ponto de vista aqui apresentado sobre identidade. O termo refere-se à identidade étnica ou à identidade afro-brasileira, mas não a identidade negra (existe a identidade branca?), caso contrário, isto é, atribuído-se o valor da identidade a traços fisionômicos, há coisas (esporte, cultura, culinária, religião, vestes, gosto musical, comportamento, etc.) para negros e coisas para não negros? Isso não constituiria uma Apartheid a lá brasileiro? Identidade refere-se a povo.

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