sábado, 12 de fevereiro de 2011

O Estado Brasileiro e as novas teorias raciais no seculo XX


  Duas teorias fizeram bastante sucesso em meio á população luso-brasileira e que eram bem discutidas em meio aos médicos e intelectuais do país. Essas teorias foram trazidas ao pais pelos filhos da elite republicana vindos da Europa, e pelas expedições cientificas que vieram ao Brasil, das quais participavam cientistas antropólogos e outros intelectuais. Tais teorias justificam a impossibilidade de progresso do Brasil, dos países tropicais e da Africa dadas ás questões voltadas no entorno de fatores sociais. Com a chegada de D.Jõao VI e a transferência da família real para o Brasil, as exigências em relação a isso foram maiores, ao passo,que o então imperador D.João queria projetar o pais no cenário cientifico internacional devido á diversidade natural da abundância de dados para a o estudo da zoologia e da botânica, tentando obscurecer o fator racial existente na colônia.
  Após a abolição da escravatura em 1888, em que 700 mil negros foram alforriados, a imigração européia passou a preocupar os eugenistas, com a entrada dos europeus vieram também as idéias anarquistas e culturas distintas. A elite brasileira já patriota e disciplinar, apostou nesse projeto de raça e de incremento econômico de café, diferente do estereótipo do negro, os imigrantes carregavam os estigmas preconceituosos de que eram preguiçosos sujos e indisciplinados tal como os negros.
  Os eugenistas surgiram no efervescer desses conflitos, tinham proposta e soluções para curar o Brasil, muitos eram os caminhos dessa limpeza: o branqueamento pelo cruzamento, o controle de imigração do segregacionismo e, por fim, a esterilização tudo isso em prol de uma higienização do pais segundo alguns médicos sanitaristas como Belisário Pena, “O Brasil está doente” e muitas dessas idéias eram fornecidas e estabelecidas através de raças e misturas. Segundo os sanitaristas, a guerra era um fator degenerativo, era necessário aproveitar o momento de cuidar da higiene das raças para a grandeza da racionalidade.
  O governo do presidente Getúlio Vargas, provocou mudanças significativas no começo século XX, transformando o país nos âmbitos sociais, políticos, econômicos e ideológicos formando-o num estado centralizador e nacionalista.
  O Estado também pode ser visto no campo antropológico, sobretudo ele é estudado de forma mais ampla no campo da Ciência Política. Quando se fala a palavra nação com relação a tudo que envolve o Estado( sua força e permanência) muitos teóricos buscam entender a dinâmica.
  Marcel Mauss , fez um estudo no campo político, onde o Estado Nacional aparece como fenômeno europeu ocidental, ao mesmo tempo apresenta o nacionalismo como algo negativo, para Mauss, nação inclui crença na raça, língua e civilização comuns,que embasa a maior parte das ideologias nacionalistas, o mesmo critica ainda o que chama “Nacionalização do Pensamento”, folclorização prática observada atualmente em países periféricos, há a perda dos costumes culturais, significando para esses povos algo distante em suas vidas.
  Mauss está se reportando aos excessos do nacionalismo, onde os valores nacionais são exagerados em detrimento dos valores dos outros, nesse caso o conteúdo político do conceito de nação é suplantado pela idéia de nacionalismo.
  No Brasil o regime republicano amplia essa discussão, pois para boa parte dos eugenista a uma nação, o país era uma nação sem “povo”. O ideal republicano era criar novos campos de saber para manter racionalmente a necessidade de uma nação homogênea , tipicamente Brasileira.
  Durante os anos 30 e na metade dos anos 40, o racismo determinou uma série de restrições á imigração de trabalhadores estrangeiros. Essa discriminação materializou-se, em 1933, na aprovação de um projeto de emenda constitucional patrocinado por Miguel Couto, que defendia uma orientação” Branca, Cristã e Nacionalista” , proibia a entrada de elementos de raça negra e amarela e tornava obrigatório o exame de sanidade física e mental dos imigrantes estrangeiros.
  O modelo de população esperada pelo estado novo resumia-se em: Branca, Bela, e Vigorosa, concepções herdadas dos padrões de beleza expressos pelos gregos antigos, como parâmetro de saúde física e mental para os eugenistas, tal como na clássica escultura grega que apresenta o esportista Discorbolo, assim era desejada a raça brasileira.
  Em um cartaz o Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), demonstra puramente seus ideais positivistas de governo.
  O Brasil tudo espera da juventude enquadrada nas aspirações do Estado Novo, guardando as aspirações do passado e construindo para a ordem e o progresso atual, é para a grandeza atual que volta suas vistas. As novas gerações terão papel decisivo a desempenhar, pois muito que já somos, é ainda bem pouco diante do que podemos ser com as nossas imensas possibilidade.
                                                                                                          Getúlio Vargas
   Mais tarde, no período do Estado Novo, consolidou-se um modelo racial e político em que negros, mulatos, judeus e japoneses eram considerados perigosos, do mesmo modo que os anarquistas, comunistas, malandros e baderneiros que fosse proibida a entrada de qualquer pessoa de origem étnica semita, isso é Judia, idéias fascistas e nazistas passam a configurar a ideologia brasileira de raça, mostrando que o povo Branco tem um tipo ideal de homem trabalhador.
   Diferente do estereótipo do negro, os imigrantes não carregavam o estigma preconceituoso de que eram preguiçosos sujos e disciplinados tal como os negros e os mulatos, mas já conheciam o comunismo, as revoltas e o poder de reivindicação em massa.
  Através de desenvolvimento tão complexo e de um percurso histórico tão conturbado, com contradições e desafios; O Brasil transformou-se em um país hoje multirracial, dentro desse multirracialismo e multiculturalismo, com alguns elementos definidores da composição racial do Brasil já alicerçados, novos problemas surgiriam e com eles novos conceitos que põe, os teóricos do século XXI a pensarem no Brasil de hoje.
  Segundo Florestam Fernandes, as questões poderiam ser essas: O que é uma democracia racial? O que é mais importante para o “negro” e o “mestiço”; uma consideração ambígua e disfarçada ou uma condição real de ser humano, econômica, social,e culturalmente igual a dos brancos? A ausência de tensões abertas e de conflitos permanentes é em si mesma, era índice de boa organização das relações?
  A idéia de democracia racial em sendo fomentada a muito tempo , ela se constitui através de uma distorção criada no mundo colonial. Os efeitos severamente prescritos e incontornáveis da miscigenação contribuíram para que se operasse uma espécie de mobilidade social vertical por infiltração graças á “gelatinosa” composição racial brasileira.
  No Brasil , não só a democracias real da renda determinou o poder e prestígio social em termos raciais, as oportunidade como sempre foram surgidadas e aproveitadas pelos grupos melhor localizados da “raça dominante”, o que contribuiu para aumentar a contradição racial da renda, do poder e do prestígio social em beneficio do Branco
  O “Negro”, teve a oportunidade de ser livre,se não conseguiu igualar-se ao branco, o problema é dele e não do branco. A égide da idéia de democracia racial justificou-se de pois a mais extrema indiferença e falta de solidariedade para com um setor da coletividade, que não possuía condições próprias para enfrentar mudanças acarretadas pela universalização do trabalho livre e da competição.
  Esse quadro revela que a chamada “democracia racial”, não tem nenhuma consistência , tornando-se um mito social, criado pela maioria, e tendo em vista interesses sociais e os valores morais dessa maioria.
  Um dos maiores desafios perante a nação brasileira se constrói, no século XXI, é o fomento de uma tecnologia social e cultural política, mas como encontrar essa tecnologia de saberes voltadas para a convivência harmônica em uma sociedade multirracial e multicultural?Onde encontrar uma tecnologia social, política e cultural que nos permita neutralizar e superar o racismo.
  As universidade no Brasil são espaços de discussão e frequentamento por pessoas de diversas composições raciais, a partir daí, podemos analisar as políticas raciais de permanência do negro especificamente, nessas instituições, fomentando o discurso de que a universidade não é um espaço de igualdade racial e de direitos, assim como o Brasil. As instituições de ensino superior estabelecidas para o propósito de garantir o usufruto de maneira equitativa dos recursos das nações e o respeito ao outro, tem se mostrado incapazes nesse sentido essencial. O maior dos mitos que perduram durante o século, é que ainda hoje os acadêmicos retardatários persistem em querer manter em pé. O mito, segundo o qual os países da chamada América Látina seriam sociedades racialmente democráticas, socialmente justas e socialmente integradas, onde todas as populações recebem quotas que lhe corresponde ao recurso do país. Esses recursos, não são somente produtos dos nossos esforços cotidianos de hoje, mas que são também e talvez, sobre todo o uso-fruto de tudo aquilo que foi acumulado com riquezas ontem, sob a escravidão racial dos doze,dez e oito milhões de africanos que foram trazidos para essas erras americanas e pelas forças de armas que foram mantida á sujeição. Mas hoje a sociedade brasileira finge ignorar essa realidade.
  Hoje precisamos ter uma visão mais critica e objetiva sobre as realidade sociais e políticas africanas. A história que precisamos saber sobre a áfrica e sobre o mundo é a verdadeira, aquela que esta surgindo pacientemente nos achados científicos nas diferentes áreas cientificas e disciplinas do saber.
  Para nós cidadãos afro-descendentes, conhecer as realidades objetivas a África tanto no pré-período colonial como no contemporâneo é de importância vital que vá além do conhecimento formal e que implica o conhecimento de nós mesmos, de nossa mentalidade, de nossos hábitos culturais, de nossos valores e vícios morais, todas a quais provém, em grande parte da estrutura profunda do nosso próprio psiquismo.

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